sábado, 4 de outubro de 2008

Quando o elogio faz a diferença

A turma com a qual trabalho atualmente é formada por meninos e meninas de 11/12/13 anos de idade. Pré adolescentes, portanto, e, por isso mesmo, com todas as características desse período de vida. São agitados, inquietos, implicantes uns com os outros; capacidade de atenção, zero, mas são capazes de fazer mil coisas ao mesmo tempo: controlam quem está indo ao banheiro, percebem se um colega está olhando meio atravessado para o outro ou para si mesmos e isso já é motivo para abrir uma discussão, bem no meio de uma explicação, seja ela de que matéria for...
Tento levar tudo isso na boa, com paciência, mas professor também é gente e muitas vezes, dependendo da situação, perde a calma. Nesses momentos, chego à loucura! Da alteração do tom de voz a pedir aos mais agitados que se retirarem da sala, acontece de tudo um pouco e a sala de aula se transforma no retrato do caos absoluto.
Numa das reuniões de pais, relatei a eles essas dificuldades e combinamos, então, que eu faria um relato diário, através de bilhetes, do comportamento de cada um, durante a aula. Estabeleci duas formas de comunicação padronizada: uma de elogio e que levava a referência da cor verde; verde de " tudo bem", de "siga em frente", de "esperança" - "mudou o comportamento"! A outra, uma comunicação de crítica: comportamento não adequado, falta de atenção durante a aula, falta de registro das atividades ou de participação nos trabalhos individuais ou celetivos; a referência de cor é o amarelo; amarelo de "atenção"; de "pare e pense"; de "mude de comportamento enquanto é tempo"!
Os pais gostaram da idéia, os alunos também a aprovaram e é dessa forma que estou trabalhando atualmente o auto-controle deles - um trabalho imenso em se tratando de pré-adolescentes.
Porém, ao colocar em prática tal idéia, durante todo o dia escolar vou "negociando" com eles o comportamento mais adequado para cada situação de aula. Como sou professora, na mesma turma, de cinco disciplinas - Língua Portuguesa, Matemática, Geografia, História e Ciências - permaneço com os alunos, no mínimo, três horas e meia, por dia. Então, saio de uma aula de Matemática para uma aula de Língua Portuguesa, por exemplo. Na verdade, só trocamos de material didático, mas o cenário é o mesmo e as personagens, também. Por isso há a necessidade de estabelecer com os alunos qual é o melhor comportamento para a aula tal, ou qual. Por mais criativos que sejamos, nossos recursos são limitados porque ou usamos os textos dos livros didáticos, ou usamos o quadro de giz, ou vamos para a sala de vídeo, ou para a sala de informática, no fundo, no fundo, isso não importa muito... Na essência as ações tanto dos alunos quanto as dos professores são as mesmas: ver, ouvir/escrever e/ou falar, num espaço fechado e limitado. E, todos sabemos, o aluno dessa faixa etária quer sempre movimento, gritaria, brincadeira.
Estou dizendo tudo isso, para explicar o por quê "negociar" o tempo todo com o aluno qual é o comportamento mais adequado para cada situação de aula e ao mesmo tempo, dizer que entendo os motivos deles de se mostrarem tão inquietos.
Enfim, os tais bilhetes de "elogios" e os outros de "crítica" têm sido meus recursos atuais para conseguir de meus alunos um comportamento mais adequado em sala de aula. Resolvi, porém, ser mais generosa com os " bilhetes de elogios". O aluno precisa extrapolar muito todos os limites, os possíveis e os imagináveis para levar o bilhete de "crítica". Acontece que eu sei disso, mas eles não. Incentivo-os, o tempo todo, a conquistar, o bilhete de elogio, ao final do horário das aulas...
E sabe que tem dado muito certo? A cada dia que passa sinto-os mais tranqüilos, mais atentos, mais estudiosos, mais responsáveis. E como é bom ver os olhos brilhantes de cada um. Ver o sorriso largo no rosto deles, quando percebem que levarão aos pais mais um "BILHETE VERDE"!!!

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