terça-feira, 28 de outubro de 2008

Professor e autonomia profissional

Nós, professores, somos formados pelas universidades, públicas ou particulares; é com essa formação que nos habilitamos para desenvolver o nosso ofício: dar aulas, ensinar, ministrar conteúdos, mediar aprendizagens, interagir com os alunos, desenvolver projetos segundo os interesses imediatos dos alunos; ensinar/aprender enquanto ensinamos. As denominações às ações do professor em sala de aula são variadas e abarcam, nelas mesmas, matizes ideológicos à escolha do frequês.
Na verdade, em sala de aula, somos múltiplos: professores, pais, mães, psicólogos, médicos, dentistas, babás,assistentes sociais, policiais e muito mais. Esperam e cobram tudo do professor!Ou seja, querem que façamos aquilo que foge ao nosso papel e somos cobrados por não termos competência técnica para tal, pois se nos fixamos somente nas funções para as quais fomos contratados, somos considerados omissos, conteudistas, egoístas, de pouca visão. Por outro lado, ora esperam que desempenhemos um papel, ora outro; ora querem que tenhamos determinadas atitudes, ora outras. Um exemplo interessante a esse respeito tem a ver com o uso de livros didáticos como recursos de ensino.
Houve um tempo em que esse uso era indiscriminado e todos contávamos com o aval das Faculdades de Educação. Num período seguinte, esse mesmo uso passou a ser criticado veementemente por essas mesmas Faculdades e, usar livro didático para dar aulas, passou a ser característica de professor acomodado, preguiçoso, sem criatividade.
Agora, vários trabalhos de pesquisas dos cursos de Mestrado e Doutorado das universidades brasileiras e, como não poderia deixar de ser, das estrangeiras também, pois são as que nos influenciam sempre, têm concluído, a partir de dados comparativos, pelo avanço pedagógico dos trabalhos desenvolvidos por professores que seguem os livros didáticos ao ministrarem suas aulas. Segundo relatos desses estudos, não só o uso do livro didático com os alunos tem se mostrado positivo, como melhor ainda tem sido o desempenho escolar dos alunos daquele professor que usa o mesmo livro didático por mais de um ano seguido.
É a teoria referendando a prática e aquilo que é óbvio, penso eu.
Um professor em dupla ou até mesmo tripla jornada de trabalho, não tem a menor condição de preparar textos, ilustrados ou não, estudos desses textos e atividades práticas a respeito, da mesma forma que os autores dos livros didáticos, têm.
Então, por que não usar os livros didáticos disponíveis em todas as escolas do país, adquiridos com o nosso dinheiro, dinheiro público, com a finalidade de oferecer recursos de trabalho aos professores e a partir da escolha desses mesmos professores?
No entanto, vale alertar: se esses livros são adequados ou não ao tipo de aluno que se tem, constitui-se numa outra grave e séria discussão, que se faz urgente!

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