quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Como na Teoria do Caos

Estou um tanto inspirada hoje. Trabalhei com minha turma pela manhã e como sempre, nada os convence da necessidade de se ter comportamentos adequados às situações vivenciadas em sala de aula e/ou fora dela. Hoje em dia não existe mais aquela história de que o professor fala e os alunos ouvem submissos, apáticos e sem opinião própria. Ao contrário, toda e qualquer aula constitui-se de uma infindável polifonia, querendo o professor ou não. Não existe mais o monólogo. Os alunos assaltam os turnos de fala, tanto do professor quanto dos colegas, dão opinião a respeito de qualquer assunto mesmo que não dominem nada, nada, nada a respeito. Eles querem falar; muitas vezes "pelos cotovelos", mas querem falar. E como falam!
Minha maior dificuldade com eles reside em conseguir ao menos introduzir os assuntos das aulas do dia e estabelecer com os mesmos a melhor forma de desenvolver cada um dos tópicos previstos.
Diariamente o mesmo ritual se repete: subo com a turma da quadra para a sala de aula; dou passagem a todos; eles entram e já encontram as carteiras organizadas em duplas; cada um procura o seu lugar; cumprimento-os e recebo de volta um fraco "Bom dia"; sinto-me transparente; espero alguns minutos para que percebam a minha ínfima presença ali; em vão; se conversando entraram, conversando continuam; escrevo o nome da disciplina a ser trabalhada no quadro e a data do dia; nem assim eles se ligam; olho; espero; espero... Finalmente altero a voz e dou um outro bom dia mais alto, mais vibrante e... Nada. Resolvo ir de carteira em carteira: fulaninho, tire o seu caderno de História, vou precisar do livro também, viu? Ih! Fessôra! Esqueci o livro! Ou, não fiz o "Para Casa"... E a turma continua fingindo não perceber minha presença. Começo a aula assim mesmo, pois o tempo passa e o relógio não espera ninguém. Falo mais alto e obtenho uns segundos da atenção deles. Introduzo a aula nesse vácuo de atenção e conto com a participação de todos. A esperança não morre!
Assim, entre conversas e conversas; conversas entre eles e sem nenhuma relação com a aula; conversas entre mim e os poucos interessados; conversas que de repente tomam rumos inesperados , surgidas de perguntas a queima-roupa vindas do fundo da sala de alguém que eu sequer percebera que prestava atenção é que se inicia e se termina mais um dia de aula...

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