quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Quais são os seus referenciais teóricos?

Recentemente fui instigada a responder à questão do título acima e confesso que fiquei meio embasbacada. Não que eu não tenha uma base teórica ou uma informação teórica a respeito da minha profissão. O próprio fato de eu ser graduada já é indício de algum referencial teórico visto que todo curso de graduação é formatado a partir das teorias nacionais e estrangeiras , pilares das aulas a serem ministradas pelos mestres/doutores , das respectivas disciplinas do curso.
Porém, penso que todos nós, profissionais da educação ou não, somos um todo teórico formados por partes das diversas teorias que nos formaram e nos formam ao longo dos nossos estudos acadêmicos ou não. A vida, a prática, a experiência também nos forma. Nesse sentido, somos polifônicos. Nos caracterizamos profissionalmente a partir dos diversos autores dos dicursos e dos textos lidos e/ou ouvidos enquanto nos fazemos profissionais e na prática do nosso ofício.
Sendo assim, nós professores podemos nos dizer "paulofreirianos", "magdarianas", "marcuschirianos", "casasantariana", (professora/autora alfabetizadora que respeito muito pelo que produziu teoricamente para o ensino da leitura e da escrita, enquanto viveu) dentre outros. Cito alguns autores nacionais sabendo que todos eles "beberam" em fontes estrangeiras e se constituíram teoricamente nelas.
O que eu quero dizer, no entanto, é que cada professor certamente tem a sua teoria educacional construída a partir da sua vida acadêmica e, posteriormente, segundo o seu local de trabalho e conforme as oportunidades que tem na formação continuada. Enquanto estudamos e quando já estamos no exercício da nossa função lemos vários autores; geralmente os autores "da moda" tornam-se modelos de reflexão sobre a nossa prática, mas nem todos seguimos uma linha única de pensamento. Eu prefiro ser eclética. Leio os autores que tenho a oportunidade de ler e me dou o direito de me transformar e/ou transformar a minha prática em função de tais ou quais teorias de ensino ou educacionais estudadas.

2 comentários:

Leo Aarestrup disse...

Ângela, fiquei impressionado com o seu blog! Achei muito bom, li todas as postagens, de cabo a rabo, e no final ficou um sentimento de enorme frustração, não só pela situação da educação básica no Brasil, mas principalmente pelo desinteresse das pessoas em relação ao assunto. Não me lembro de ter visto nenhum comentário, de ninguém, em nada que você tenha escrito até agora no blog.
Quando você questiona a ausência do tema na mídia, ou sonha em notícias como "melhor forma de incentivar o seu filho a fazer o Para Casa", logo reparo que o desinteresse não é (apenas) da imprensa, e sim da população que consome aquelas notícias. O que o povo quer ler, ouvir, ver e saber hoje em dia são coisas cada vez mais supérfluas, descartáveis e/ou sensacionalistas. Um programa com o tema do "Para Casa" não interessa quase ninguém, infelizmente.
O maior problema é o desinteresse, generalizado: vem por parte dos pais, dos alunos, dos políticos, dos formadores de opinião e até mesmo de boa parte dos próprios professores.
Sou médico, formado há menos de um ano. Trabalho nos bairros Diamante e Teixeira Dias, na região do Barreiro. Sempre que atendo crianças ou adolescentes, faço perguntas a eles e a seus pais ou responsáveis sobre o desempenho escolar, perspectivas para a vida adulta e sobre o quanto eles gostam da escola. Em sua esmagadoras maioria, os pacientes frequentam escolas públicas.
As crianças menores, no jardim de infância ou em idade pré-escolar, invariavelmente gostam da escola e dos professores. A partir dos 8, 9 anos, começam a surgir muitos que só gostam da escola por causa do recreio, dos colegas e de atividades como educação física. Os adolescentes, em sua maioria, estão atrasados na escola e apresentam grande desinteresse e preguiça em relação às atividades escolares. Mostram-se sem perspectivas de vida profissional e não se preocupam nem um pouco com isso. Somado a isso tudo, é grande entre o grupo dessa faixa etária o consumo de drogas e a paternidade/maternidade. Noto entre eles grande desapego a qualquer forma de valor familiar, religioso ou moral. A maioria das famílias da área é composta por mães solteiras ou separadas, ou mães que tiveram os filhos muito jovens, ou famílias "completas", mas totalmente desagregadas, seja devido à pobreza, uso de álcool e drogas, infidelidade, violência, etc.
A mudança é necessária. Mas aonde?
Abraços e continuarei comentando.
Parabéns pelo blog!

Ângela Matos disse...

Obrigada Leonardo pelo seu interesse. Gostei dos seus comentários e concordo com todos eles. Trabalhamos numa mesma região e penso que poderemos fazer muito, cada qual no seu ramo, por essas crianças e adolescentes e por que não? Por suas famílias também.
Um abraço.
Ângela Matos.