quarta-feira, 16 de outubro de 2013

"Tudo como dantes no setor de Abrantes"

"Tudo como dantes no setor de Abrantes" é uma expressão popular antiga usada sempre que se queria reforçar a ideia de que nada mudou. Assim é a educação municipal de Belo Horizonte. Já estamos praticamente no final do ano letivo de 2013, segundo mandato da atual administração, nova Secretária Municipal de Educação deste segundo mandato e... Ganha um doce quem souber o nome dela. Não se dignou sequer a dizer a que veio e o setor educacional de Rede Municipal de Ensino como estava, permanece.

Parece que nessa administração só existe o Ensino Infantil e a Escola Integrada, que de integrada só mesmo no nome. Ao ensino fundamental (1º ao 9º ano) as batatas, como diria o grande Machado de Assis.

Vivemos, nós professores desses ciclos de ensino, no total esquecimento e ostracismo. Só se lembram da gente quando analisam os resultados das avaliações sistêmicas. E aí, "toca um barata voa" de representante da SMED (Secretaria Municipal de Ensino) na escola querendo dependurar os professores no teto para explicarem o por quê do por quê que os índices municipais da Educação, por si sós baixos, caíram mais ainda! Eles não sabem, coitados...

Meu último "post", não por acaso, foi no dia 20 de julho. Estamos em outubro e de lá para cá nada de novo aconteceu na escola! Continuo contando, para as minhas aulas, comigo mesma. Os únicos recursos seguros  dos quais disponho são: meus conhecimentos gerais,didáticos e específicos de cada matéria, que por sinal são cinco! Atuo no sexto ano  e sou a professora das matérias: Língua Portuguesa, ( na qual sou habilitada) Matemática, História, Geografia e Ciências. Também sou habilitada em Pedagogia ( o curso antigo) e pós-graduada em "Leitura e Produção de Textos".

Minha sala de aula ( espaço físico) é pequena, apertada, bem ventilada, mas escura. Trabalho com as lâmpadas acesas, constantemente. Há uns cinco anos, mudei do quadro negro (verde) e giz para o quadro branco e pincel. O giz nunca me faltou, mas o pincel nas horas mais impróprias ele seca e é um "Deus nos acuda" para trocar; conto com pincéis nas cores vermelho, azul e preto. Desde que o meu preto e preferido sumiu não consegui outro da mesma cor e agora tenho dois vermelhos e um azul.

Outro recurso que me salva é o livro didático. Tenho várias coleções, pois guardo todos aqueles que dão certo com os alunos porque são bons e bem elaborados.

De quatro em quatro anos todos os livros didáticos são trocados e então, quando me interessa, recolho aqueles que deveriam ser descartados e os guardo para usos futuros. Por isso tenho títulos variados das matérias que leciono. Meus alunos adoram, visto que assim posso variar e estudar com eles visões diferentes para um mesmo tema.

Meu "Samsung" está fazendo sucesso! Aprendi a fazer downloads com meus filhos; já tenho vários temas de História, Geografia e Ciências baixados, que projeto na própria sala de aula, sem nenhuma necessidade de cabos, energia elétrica ou mesmo INTERNET. Imagem boa e som razoável. Nunca tive tanto silêncio durante uma aula, quanto no momento dessas projeções. Os alunos vibram, dizem que a "professora está cheia das tecnologias"...

Enquanto isso... " Um homem vai devagar/ um cachorro vai devagar/ Devagar as janelas olham/ Êta vida besta, meu Deus" já dizia Carlos Drummond de Andrade, o sábio.