quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Lúcia Monteiro Casasanta: A MESTRA MAIOR.

No dia 29 de maio de 2008 fez cem anos do nascimento de uma grande educadora mineira, a professora/doutora Lúcia Monteiro Casasanta.

D. Lúcia, como todos a chamávamos, foi uma das principais alfabetizadoras de Minas Gerais; defensora ferrenha de que se tivesse um método para alfabetizar as crianças em idade escolar e adepta do "Método Global de Contos".

Eu cheguei a conhecê-la, já velhinha, mas ainda atuando no Instituto de Educação de Minas Gerais, hoje UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais), quando lá fiz o Curso Normal e, em seguida, o Curso de Pedagogia concluído em 1975. Tenho um livro de sua autoria, de 1972, com uma dedicatória, dizendo textualmente: "À caríssima ...,

Contando com V. nas fileiras de frente no combate pela boa metodização da leitura.

Lúcia Casasanta.

Neste livro, intitulado "Métodos de Ensino de Leitura", D. Lúcia faz um apanhado minucioso da história da alfabetização no mundo; descreveu com detalhe cada método até então conhecido; explicitou os "prós e os contras" de cada um deles no ensino da leitura e da escrita e se posicionou a partir de argumentos muito bem elaborados e referendados pelas novidades científicas da época, em favor do "Método Global de Contos".

Logo na introdução do livro citado acima, ela afirma:

"Tenho para mim que idéias novas, propriamente ditas, não existem ou são raras.

Quando, porém, a Ciência destrinça os casos de nossa experiência comum, há que optar entre deixar que fiquem como se acham ou tentar levá-los adiante, a fim de que outros façam o mesmo.

Por isso propus-me compor as experiências que adquiri sobre o ensino da leitura desde a antiga Escola de Aperfeiçoamento, hoje, Curso de Pedagogia, no trato demorado com crianças em sala-de-aula, em pesquisas e experimentações, reportando-me com freqüência às lições de grandes mestres de outros países.

Poderá causar estranheza a pretensão de ter feito trabalho original.

Defendo-me com dizer que dois fatos contribuíram para isso: o ambiente em que se forjou, de permanente inquietação pela busca do fato científico e de seus fundamentos e o tempo que durou sua elaboração. Idéias surgiram, amadureceram e geraram outras idéias, ora dentro, ora fora da previsão científica.

Na verdade, muita coisa velha se fez nova".

Era o ano de 1972 e D. Lúcia, já em final de carreira, ainda lutava para convencer às pessoas militantes na educação, tanto quanto ela, da importância de se ter um método para ensinar a ler e a escrever, mas não qualquer método, um método com base científica de como se dá a aquisição da leitura, de como se dá o processamento do texto cognitivamente, pelo sujeito aprendiz.

Da para acreditar que ainda hoje, mais de 30 anos depois, o que mais se ouve nas escolas é a seguinte expressão: "Método de leitura?! Eu não sigo um método. Eu faço o meu método. Ou...Eu uso vários métodos! Eu uso o meu método!

Isso explica, a meu ver, o atual fracasso do ensino/aprendizagem da leitura e da escrita em nosso país.

Precisamos resgatar, urgentemente, os ensinamentos da grande mestra, Lúcia Monteiro Casasanta.

3 comentários:

Leo Aarestrup disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Leo Aarestrup disse...

Ih, fui fazer o comentário, mas a mensagem saiu toda truncada.

Mas tá valendo!

Leo Aarestrup.

Leo Aarestrup disse...

Depois dê uma olhada nesse texto de um pediatra, professor da Faculdade de Medicina da UFMG - http://www.medicina.ufmg.br/noticias/?p=3257
É meio superficial, tendo em vista a amplitude do problema, mas reforça aquilo que eu tinha dito no comentário anterior.

Abraços,
Leonardo Aarestrup.