terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Reencontros

Semana passada recebi um telefonema que me levou a uma viagem boa e inesperada. Uma colega da minha antiga escola , (onde fui "Coordenadora Pedagógica", por enquadramento na função e "Diretora Eleita" por um período de quatro anos) convidou-me para participar de uma solenidade de entrega de medalhas a vários alunos dessa escola, por terem participado, em 2010, da "Olimpíada da Astronomia". Trabalhei nessa escola no período de 1977 a 1999. Saí  de lá porque aposentei-me.
Porém, em 1995, fiz um novo concurso para a função de "Professor Municipal", tomei posse em 08 de março e é por isso que continuo atuando até o momento, em outra escola da Rede Municipal de Ensino.
Pois bem, a professora-colega-amiga da escola antiga convidou-me, cheia de entusiasmo, a participar da solenidade de entrega de medalhas. Fui até lá, é lógico; infelizmente não pude participar de toda a solenidade porque já tinha assumido um compromisso anterior do qual não pude me desvencilhar.
No entanto, o pouco tempo em que estive com ela e com algumas outras colegas, transportaram-me para um tempo em que fui muito ativa na escola, sempre envolvida em projetos pedagógicos interessantes e dos quais , no momento,  ando bastante afastada.
Senti saudade da profissional que já fui, do entusiasmo que já tive e da minha capacidade de realização. Eu era o elemento motivador da escola. Fazia uma coordenação pedagógica democrática, porém buscava formas de envolver os professores numa rotina pedagógica voltada para a eficiência no trabalho. Priorizáva-mos os conteúdos básicos, fundamentais ao desempenho dos alunos não só naquele ano escolar ao qual estavam atrelados, mas e principalmente trabalhávamos, conscientemente, com uma seleção de conteúdos necessários aos estudos subsequentes.
Além do trabalho específico da sala de aula, investíamos, também, nas aprendizagens extra-classe: excursões a museus, parques, teatros e cinemas; apresentações de auditório, onde comemorávamos algumas datas significativas durante o ano letivo, tais como: Carnaval, semana santa, dia internacional da mulher, dia do índio, Tiradentes e descobrimento do Brasil e outras.
Fazíamos avaliações formais dos conteúdos bimestralmente, pautadas por um planejamento. Baseadas no desenvolvimento dele, pelas professoras em sala de aula, é que as avaliações eram elaboradas e aplicadas igualmente em todas as turmas das respectivas séries de ensino. Posteriormente, em reuniões com os professores, avaliávamos os resultados dos alunos e fazíamos as correções de rumo necessárias.
Era um trabalho bem organizado, consciente e que nos levou, em menos de dez anos, de um índice de mais de 50% de alunos repetentes nas séries iniciais a pouco menos de 20% de retenção, entre alunos de 7 anos. A escola passou a ter até o final de 94/95, um fluxo normal de alunos. Ou seja, entravam oito turmas de primeira série e saíam de 6 a 7 turmas de 4ª série. Isso implicava em um índice de reprovação baixíssimo para os padrões da época.
Pois bem, em 95/96 a Prefeitura de Belo Horizonte implantou a Nova Política Educacional do Município denominada "Escola Plural". Nivelou por baixo todas as escolas da rede; desconsiderou todas aquelas que apresentavam altos índices de aprovação dos alunos e de eficiência pedagógica; desconsiderou todas as escolas da Rede que tinham seus "Projetos Políticos Pedagógicos" aprovados pela Secretaria Municipal de Educação. Colocaram todas as 127 escolas municipais no mesmo saco e aniquilaram com o ânimo, com o entusiasmo, com o trabalho arduamente construído e conquistado pelos profissionais da rede que atuavam naquelas escolas de vanguarda, dentre elas, digo com orgulho, a minha: meu primeiro e antigo local de trabalho em educação.
Por tudo isso, o convite recebido suscitou em mim todas essas lembranças...
Lembrança de um tempo em que o meu ofício era também a minha maior fonte de entusiasmo com a vida.