quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Matriz Curricular da Língua Portuguesa

Andei lendo nesses dias de "Férias-prêmio", um material disponível no portal do MEC, sobre as avaliações que vêm sendo feitas pelo governo, do desempenho escolar dos alunos das escolas públicas e privadas, do nosso país.
Segundo  considerações dos mentores do SAEB ,(Sistema de Avaliação do Ensino Brasileiro) as avaliações do desempenho escolar do alunado brasileiro, concebidas e levadas a efeito periodicamente nos últimos anos, têm por base uma "Matriz Curricular" que leva em conta duas dimensões: o objeto do conhecimento (Língua Portuguesa e as Linguagens Matemáticas) e as competências referentes a ambas.
Quanto à Língua Portuguesa, destaco as competências e as habilidades  avaliadas no 5º ano de escolaridade do ensino fundamental e no 3º ano do ensino médio.
Os quesitos da avaliação em Língua Portuguesa distribuem-se em seis tópicos e  em cada um deles, seguindo uma ordem crescente de aprofundamento, as habilidades concernentes.
Assim, tem-se:
Tópico I - Procedimentos de Leitura
1- Localizar informações explícitas em um texto dado.
2- Inferir o sentido de palavras ou expressões nos textos lidos.
3- Inferir a informação implícita em texto lido.
4- Identificar o tema de um texto lido.
5- Distinguir fatos de opiniões relativas aos textos lidos.
Tópico II- Implicações do Suporte, Gêneros e/ou Enunciados na Compreensão de Textos
1- Interpretar textos com o auxílio de material gráfico diverso (propaganda, quadrinhos, fotos,etc).
2- Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.
Tópico III - Relação entre textos
1- Reconhecer as diferentes formas de tratar uma informação.
2- Comparar textos do mesmo tema.
3- Perceber como o texto foi produzido; as circunstâncias dessa produção e como será recebido.
4- Reconhecer posições distintas sobre um mesmo fato.
Tópico IV - Coerência e Coesão no Processamento do Texto
1- Estabelecer relações entre partes do texto; identificar repetições e substituições que permitem a    
    continuidade do texto.
2- Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.
3- Estabelecer a relação causa/consequência entre  partes e  elemento do texto.
4- Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios, etc.
5- Identificar a tese de um texto.
6- Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.
7- Diferenciar as partes principais e as secundárias de um texto.
Tópico V- Relações entre Recursos Expressivos e Efeitos de Sentido
1- Identificar efeitos de ironia e humor em textos variados.
2- Identificar efeitos de sentido decorrentes da escolha de uma determinada palavra ou expressão.
3- Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.
Tópico VI- Variação Linguística
1- Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.
Há ainda no material pesquisado comentários pertinentes a cada descritor e/ou conteúdos/habilidades necessárias a qualquer leitor/escritor proficiente da Língua, no caso, a Língua Portuguesa.
Porém, enquanto lia e concordava com o que lia pensava na dificuldade que é para um professor colocar em prática tudo o que a teoria  recomenda, mesmo que pertinente.
A meu ver, o maior problema do ensino/aprendizagem atual é a falta de interesse do aluno pelo estudo em si.
Estudar um texto, desconstruindo-o para entender por completo como se deu a sua construção e toda a sua estrutura, requer do aluno não só a vontade de estudar, mas esforço, concentração, foco, persistência, domínio do corpo e trabalho físico e mental.
Esses elementos geralmente são encontrados nos alunos com certa estrutura emocional e social, bem como naqueles que trazem o "bichinho" do gosto pelo estudo na genética.
Oportunamente, faremos comentários a respeito da "Matriz Curricular de Matemática".

domingo, 27 de setembro de 2009

Vale a Leitura Atenta

Há muito que me preocupo com a nossa falta de identidade educacional. Desde o Brasil Colônia que o  nosso modelo educacional não nos pertence; seguimos sempre os ideais e os métodos educacionais dos outros e, pior ainda, com no mínimo 50 anos de atraso.
Jesuítas portugueses, americanos em diversos momentos históricos, franceses, espanhóis e até argentinos (vide Emília Ferreiro) foram e ainda são nossos mentores educacionais. Jamais fomos capazes de organizar o "Sistema Educacional Brasileiro" conforme nossa cultura e nossas necessidades sociais. E aí deu no que deu! Em matéria de Educação Escolar Formal (pública ou privada) estamos nos últimos lugares do ranking. Perdemos pra todo o mundo!
Digo tudo isso para recomendar a leitura de uma reportagem da "Veja" dessa semana (30/09/09) que se intitula "Um triste cenário do ensino no Brasil", página 132.
O texto da reportagem faz comentários a respeito do trabalho de pesquisa do professor doutor em economia pela Universidade de Chicago, o Sr. Martin Carnoy, de 71 anos.
Segundo a revista , o professor da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, veio ao Brasil em 2008 para coordenar um estudo cujo objetivo maior era o de entender, sob o ponto de vista da sala de aula, algumas das razões do mau ensino brasileiro. Dentre as várias constatações, óbvias para mim há muitos anos, feitas pelos pesquisadores, a respeito da realidade das salas de aula brasileiras, quero destacar:
  • as escolas brasileiras, públicas e particulares, não oferecem grandes desafios intelectuais aos estudantes;
  • há predominância do improviso, por parte dos professores e minutos preciosos de aula se esvaem com a indisciplina e a quantidade absurda de trabalho em grupo sem nenhum objetivo de aprendizagem controlável  tanto pelos mestres quanto pelos alunos;
  • falta ao Brasil entender o básico: os professores devem ser bem treinados para ensinar;
  • o construtivismo, que é hoje aplicado em escolas brasileiras, está tão distante do conceito original de Jean Piaget, que não dá para dizer se se está diante dessa teoria;
  • falta um olhar mais científico e apurado sobre o que diz respeito à sala de aula;
  • há um excesso de ideologia nas salas de aula e há falta de bons professores;
  • a chave para o bom ensino é atrair para a carreira de professor aqueles que foram os melhores estudantes, cérebros brilhantes, ensino brilhante mediante salário motivador;
  • os professores brasileiros precisam ser inspecionados e prestar contas do seu trabalho, visto que atualmente, cada um faz o que quer e ensina "aquilo que lhe dá na telha".
Termina a reportagem com a afirmação de que os brasileiros começam a colocar a educação como uma de suas prioridades.
Isso é bom desde que as políticas educacionais levem em conta o nivelamento do aprendizado dos alunos brasileiros aos  melhores no ranking das avaliações internas e externas e não aos piores resultados, como acontece ainda hoje.

Leiam o texto na sua íntegra, vale a pena!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Produção de Material Didático

Sigo nas minhas "Férias-prêmio" e na produção de material didático. Tenho me sentido bem e satisfeita com o material já produzido. Tudo me interessa e trabalho como se estivesse diante de uma turma. Prevejo a reação dos alunos, imagino suas possíveis dificuldades e desafios a cada um dos trabalhos pensados para serem postos em prática com eles o ano que vem.
Fico pensando ainda de como é importante ter tempo para a construção e a elaboração de aulas, atividades e trabalhos concernentes. É tão óbvio isso! Por que, então, continua sendo privilégio somente dos professores titulares das universidades públicas e de algumas escolas do sistema privado de ensino?
Vá saber! Coisas do Brasil...

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Memória de infância

Sou do tempo em que o governo já mandava livro didático para as escolas públicas. Estudei até a antiga 4ª série primária em um grupo escolar (era assim que se chamava) público e lá aprendi as primeiras letras. Lí a Cartilha de "Lili, Lalau e o Lobo" na primeira série. Lembro-me das histórias lidas em voz alta por minha professora da 2ª série e, dentre elas, uma que nunca mais esqueci foi a história do "Patinho Feio". Ficava muito brava com meus colegas que preferiam conversar a ouvir as histórias lidas ou contadas pelas professoras.
Quando cursava a quarta série primária entrei em contato com um poema que me invadiu a alma desde a primeira vez que o li. Fiz dele, quase que inconscientemente, um lema de vida. Pelas séries de estudo seguintes, num livro ou outro de Português, aparecia o poema entre tantos e novamente eu me encantava com ele como  da primeira vez . O título era sempre o mesmo (como não poderia deixar de ser) "Ode" de Ricardo Reis e... a seguir... os seguintes versos:
"PARA SER GRANDE, sê inteiro: nada
           Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
           No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
           Brilha, porque alta vive".
Apesar do arrebatamento que o poema sempre me causou , nunca procurei saber a respeito do seu autor: Ricardo Reis. Só muito mais tarde, já cursando Letras, entrei em contato com a obra do grande "Fernando Pessoa" e tomei conhecimento dos seus heterônimos e de que Ricardo Reis era um deles.
Desde então fiquei mais orgulhosa ainda da minha sensibilidade de menina...