sábado, 22 de novembro de 2008

Resultados Subjetivos

A magia de uma sala de aula se estabelece quando percebemos, de repente, o crescimento intelectual , emocional e de interação social dos nossos alunos. Isso é mágico porque não é mensurável. Não se faz, ainda, creio eu, uma avaliação objetiva e se distribui pontos para o "amadurecimento emocional, ou intelectual, ou social do aluno". Nesse tipo de avaliação o instrumento de que o professor se vale está contido nele mesmo. Ou seja, isso exige um professor atento, observador, que interage com seus alunos e que consegue, aos poucos, muito lentamente e ao longo do ano letivo ganhar a sua confiança, para que ele, aluno, possa desabrochar.E é de repente, que aquele aluno caladinho, lá do canto da sala, começa a se expressar; faz perguntas pertinentes, interessa-se pelo assunto em pauta, dá palpites; não se sente mais constrangido com o fato de responder e errar, pois entendeu, a partir de um trabalho do professor, que a sala de aula é o lugar para errar, caso contrário, ninguém precisaria estar ali.
Esse trabalho de fazer o aluno se sentir bem, confortável na sala de aula, a ponto de se expor e ter o respeito dos colegas é dos mais sublimes que um professor pode e deve fazer, porque mexe na auto-estima do aluno. E aluno confiante e ao mesmo tempo curioso e desejoso de aprender é tudo que um professor almeja e aprecia ter.
Nesse sentido, também o conteúdo trabalhado ajuda a aguçar a curiosidade do aluno. Não há nada melhor numa turma de pré-adolescentes do que o conteúdo de ensino relacionado à "Origem do Universo"; "Origem da Vida" ou a "Origem e Evolução do Homem na Terra", pois é a partir daí que o mundo se abre para eles. É nesse exato momento que percebem que o mundo não se constitui somente da casa, família, bairro, escola; existe muito mais a ser descoberto e explorado...
Essas aulas se tornam tão intensas na sala que obriga um controle da turma absoluto por parte do professor tantas são as perguntas, tantos são os casos que os alunos querem contar, tantas são as trocas de experiências entre eles.
No começo desses estudos pode-se perceber a confusão que reina na cabecinha de cada um: mundo, universo, país, bairro, cidade, estado, capital, parece ser tudo uma coisa só e tudo isso foi criado por Deus e ponto final. Mas com o desenrolar das aulas e a apresentação das diversas teorias da origem do universo (criacionismo e evolucionismo, por exemplo) algo ilumina os olhinhos e parece que passam a enxergar e a pensar em coisas que jamais haviam pensado antes. Começam, então a duvidar e a questionar;as aulas se tornam, assim, momentos de debates quentes entre todos...
Percebo o mesmo envolvimento em relação à leitura e ao gosto de ler para a fruição, para o prazer, quando inicio as leituras de "Contos Infantis" ( as versões originais), as leituras das histórias de Monteiro Lobato - Histórias do Mundo para Crianças, O Sítio do Pica-Pau-Amarelo, Reinações de Narizinho, As Histórias de Pedrinho ou Reinações de Emília - imediatamente o interesse deles em pegar esses livros na Biblioteca da escola para ler de novo em casa, se manifesta. Nesses momentos eu me sinto feliz e realizada como professora; sinto que é aí que faço a diferença para eles, é aí que deixo a minha marca em suas vidas, pois percebo, embora isso não se reflita de imediato nas avaliações mais objetivas do trabalho pedagógico, que a vida deles e a percepção que têm do mundo se modifica, se transforma nesses momentos de aula. O registro delas se faz na alma, na emoção e não no caderno ou na prova escrita.

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