segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Alunos inquietos: o que isso quer dizer?

Hoje percebi que um de meus alunos estava mais inquieto do que o de costume; mal entramos para a sala e ele já saiu para ir ao banheiro. Faz parte dos nossos "combinados de sala"(regras de funcionamento interno da sala) a permissão para sair da sala e ir ao banheiro ou tomar água sem a necessidade de pedir à professora, desde que: saia um aluno de cada vez; sem perturbar o andamento da aula; sem demorar lá fora mais que o necessário; sem perturbar as outras turmas ao transitar pelos corredores da escola. Isso vem sendo mais ou menos seguido, porém eu me obrigo a estar sempre atenta à essa movimentação; quando necessário, havendo abuso de liberdade, intervenho condicionando as saídas à minha permissão.
Alguns alunos, repetidamente, transgridem as regras estabelecidas, preocupando-me.
É sabido por todos que lidam com pré-adolescentes e adolescentes que essa faixa etária caracteriza-se pelo corte do "cordão umbilical" com a família; pela descoberta de que o mundo vai muito além do "portão de casa"; pela descoberta de que os pais não são os "donos da verdade"; pela necessidade de transgredir o estabelecido e, principalmente, de criar laços com o grupo, fazer parte de uma tribo e segui-la fielmente.
Determinados alunos dessa idade são mais influenciáveis que outros, os meninos são mais rebeldes que as meninas e se dispõem a experimentar as novidades mais afoitamente, sem muita ou nenhuma reflexão, quanto às possíveis conseqüências de seus atos.
Descoberta do corpo, descoberta do outro e descoberta do prazer via "amassos", "ficar" e/ou via a experiência com a droga.
Eu, pessoalmente, não tenho nenhuma formação específica para lidar com a questão do uso da droga , por exemplo, mas sei, no caso específico dos meus alunos, que eles fazem parte da população de risco e de vulnerabilidade social e que estão expostos às drogas, por habitarem uma região, onde, comprovadamente, há tráfico de drogas e "guerra" entre líderes para o controle desse tráfico.
Pois bem, meu aluno chegou agitado além do normal, esfregando os olhos a todo o momento, olhando para mim e me "encarando" como se eu fosse sua "inimiga", respondendo-me grosseiramente a qualquer observação minha em relação à ele e, principalmente, fazendo gestos e barulhos na sala de aula, sem o menor pudor ou auto-controle.
Chamei-o em particular e conversei abertamente com ele sobre minhas suspeitas e preocupações; falei-lhe claramente e objetivamente sobre o uso de droga e minhas suspeitas relativas a ele.
Olhou-me atentamente nos olhos, não disse nem que sim e nem que não; voltou para a turma mais tranqüilo, porém às vezes sonolento, "lerdo"; às vezes agitado, passando a mão pelo rosto e pela cabeça em movimentos circulares; mais calado... Porém...

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