sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Professores Ignorados

Há tempos que trabalho em educação. Quando entrei pra RME, aos 23 anos de idade, já assumi de cara, uma função mediadora entre professores, alunos e direção da escola, e/ou, professores, alunos e pais. Há época, exercia a função de "Supervisor Pedagógico". Acabara de me formar, estava no início de minha carreira profissional, no início da construção de minha família e cheia de energia e entusiasmo.
Não entendia muito bem quando minhas colegas, mais antigas que eu na profissão, manifestavam-se seticamente a respeito das novas políticas educacionais, dos novos planos para salvar o ensino básico, dos novos métodos para ensinar a ler e a escrever.
Neste período decorrido, passei por vários destes planos ou destas reformas do ensino. Desde aqueles que consideravam que as crianças não aprendiam a ler por causa do "Método Global de Contos", Pré-livro "Os Três Porquinhos", da educadora Lúcia Casasanta, até àqueles que consideravam que o problema da não aprendizagem dos alunos estava no fato de eles irem "com fome" para a escola. Então, "vamos dar comida para eles"!
Na escola onde trabalhava nesta época, os alunos recebiam um copo de leite à entrada do turno, almoço antes do início das aulas e, quanto ao método de ensino da leitura e da escrita, mudara para o "Método Fônico", Cartilha "Acorda Dorminhoca".Tivemos, posteriormente, o período do "Construtivismo", teoria da educadora Emília Ferreiro e outras/os; outras formas de intervenção foram/são: doação de livros didáticos aos alunos, dicionários, material escolar completo e kit" literatura, composto pelos autores de sempre...
Na verdade, de lá para cá, nada ou quase nada mudou. As intervenções políticas, ideológicas e oportunistas no processo de ensino-aprendizagem dos alunos, continuam acontecendo e os professores, nesse imbróglio todo, são praticamente ignorados. Jamais foram ou são consultados sobre o que mudar, por que mudar, onde mudar e como mudar.
Sempre fomos tratados como a peça de menor importância na engrenagem educacional e o somos até hoje. O máximo que fazem os "Secretários de Plantão", e quando o fazem, é comunicar às escolas de que tal ou qual "Seminário, Encontro, Congresso" seja lá o que for, irá acontecer e, as escolas que "se virem nos trinta" para propiciar ao professor (em pleno período letivo) a oportunidade de participar. Eu mesma já participei de alguns desses eventos, mas normalmente, o que se faz lá é referendar aquilo que já foi acordado em reuniões fechadas e para poucos.
Resultado disso? Provavelmente uma parcela substancial da culpa de o ensino público atual estar no fracasso de que todos sabemos.

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