domingo, 28 de agosto de 2011

Escola Pública X Escola Particular

O Editorial da Folha de hoje, intitulado "Tempo Perdido", ressalta o resultado a que chegou uma pesquisa em 250 escolas brasileiras, públicas e particulares, realizada pelo movimento "Todos pela Educação". Comenta a "Folha" que a prova ABC avaliou 6.000 alunos que concluíram o 3º ano, (antiga 2ª
série do Ensino Fundamental) em todas as capitais do país. Destaca que "pesquisa sobre nível de alunos no ensino básico mostra desigualdade alarmante entre escolas públicas e particulares.
Segundo o editorial, dos conteúdos avaliados: cálculo de troco, diferença entre triângulo e retângulo, identificação do tema de um texto simples, leitura das horas em relógio de ponteiro, dentre outros, a distância entre os resultados dos alunos das escolas públicas em relação aos alunos das escolas particulares é enorme. Segue-se o texto com a exposição comparativa entre os resultados dos dois sistemas de ensino.
Como era de se esperar, os alunos das escolas públicas saíram-se mal em todas as questões avaliadas e numa diferença acentuada. Por qual motivo? É a pergunta imediata.
Tenho para mim que, com certeza, não entra como variável a inteligência. Ambos os grupos são dotados de tal característica. O que se pode levantar, então, como hipóteses para esse problema?
Preparo dos professores? Lembrando que o teste foi aplicado em todas as capitais brasileiras, suponho que tanto professores das escolas particulares quanto os professores da escola pública passaram pelo mesmo processo de formação, as universidades e faculdades das respectivas capitais; passaram ainda, por concursos, ao serem admitidos para o trabalho nas escolas.
Vamos pensar nos alunos: os das escolas particulares são admitidos mediante teste de seleção; os das escolas públicas, não. Ao selecionar o aluno, via teste, a escola particular consegue uma certa homogeinização das turmas quanto ao conhecimento prévio necessário ao acompanhamento das aulas segundo o ano de estudo. Na escola pública existe essa seleção, porém após matrícula e, há ainda a crença de que as turmas devem ser heterogêneas, pois isso impede a formação de turmas fracas, médias e fortes numa mesma escola evitando-se, dessa forma, a discriminação do aluno fraco, ou com defasagem conteúdo/ano de estudo.
Quanto a organização pedagógica das escolas: acredito que há um compromisso maior, nessa organização, da escola particular; a escola pública experimenta mais as metodologias de ensino em voga e, de certa forma, torna-se um "laboratório" para o ensino privado. O que da certo no ensino público o ensino privado adota, assimila, atualiza e adapta aos recursos e estrutura física e material das suas escolas.
As famílias das escolas particulares participam, embora não tanto quanto deviam, mais da vida escolar do filho, cobra mais da escola e do filho os resultados esperados, antes que se chegue ao estado do não-aprendizado.
Na escola pública há ausência das famílias na vida escolar dos filhos, ausência de motivação de boa parte dos alunos para cumprir o papel de aluno efetivo, ausência de organização pedagógica - várias ideias a respeito do ensino/aprendizagem circulam entre os professores vindas de todos os lados: das faculdades, das secretarias de educação, dos cursos de treinamentos em serviço, mas poucas são adotadas e trabalhadas com persistência por um dado período até se ter certeza se valem a pena ou não. Fica-se no ensaio-e-erro, ou no "empurrar com a barriga", ou pior ainda, no tomar decisões pedagógicas sem convicção, ao bel prazer da política pública da instituição mantenedora da escola: secretarias estaduais ou municipais de educação. Ora é uma ideologia que está em vigor, ora outra e ninguém se entende...
Há alguma dúvida do porquê do resultado da pesquisa? E isso é só uma pincelada do que pode fazer a diferença entre os dois sistemas educacionais do país -  o público e o privado.

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