sábado, 20 de agosto de 2011

Professor Inadequado

Sou habilitada em Letras, pós-graduada em Leitura e Produção de Textos e habilitada em Pedagogia com ênfase em Administração Escolar e Supervisão Pedagógica. Sou professora municipal da Prefeitura de Belo Horizonte. Trabalho com uma turma do 6º Ano, antiga 5ª série do ensino de 1º Grau.
Desde 1995, no advento da "Escola Plural",  as turmas da antiga 5ª série perderam o vínculo com o professor habilitado em Matemática, Letras, Biologia, Geografia e História. Elas pertencem, agora, ao final do 2º Ciclo de Formação,  6º Ano, e, consequentemente, ainda assistem aulas com os professores habilitados para a formação mais geral dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental: basicamente a alfabetização.
Para quem está fora do meio isso pode parecer de menor importância. Afinal, o professor que alfabetiza pode perfeitamente atender ao aluno de 11/12 anos. Ledo engano!
O aluno do final do 2º Ciclo é o aluno pré-adolescente. Além do mais, não existe um material didático específico para essa faixa etária, como existe para os alunos até os 10 anos de idade.
Para essa etapa da escolarização já é esperado que o aluno leia e escreva com relativa proficiência e os conceitos básicos e específicos da História, da Geografia, das Ciências Naturais e até mesmo de Língua Portuguesa e de Matemática exigem um professor específico e habilitado em cada uma dessas disciplinas. Contamos,  sim, com os livros ditáticos específicos de cada uma das áreas de ensino citadas acima, elaborados por professores, mestre ou doutores especializados nos conteúdos pertinentes às suas respectivas matérias . Ou seja, há conteúdos, habilidades e capacidades a serem trabalhadas com o aluno do 6º Ano, que exigem, para tal, um professor habilitado.
Infelizmente, não é isso o que acontece na rede. Os alunos só terão esses professores quando ingressarem no 3º Ciclo de Formação, ou no 7º, 8º e 9º anos de estudos. Consequentemente, as defasagens no domínio conceitual dos conteúdos relativos à Geografia, História, Ciências, Matemática e Língua Portuguesa são gritantes. A meu ver, não por culpa do aluno e muito menos do professor, mas devido a esse equívoco no atendimento profissional ao aluno do 6º ano. Ele estuda com professores que não estão preparados para ensiná-lo, pois não possuem a formação adequada para tal.
Citando minha própria experiência, digo que o conhecimento que possuo em Matemática, História, Geografia e Ciências é o mesmo de quando eu tinha a idade dos meus atuais alunos e estudava tais conteúdos porque fazia a 5ª série do antigo ginasial. 
É lógico que em relação aos meus alunos conta em meu favor: maturidade, experiência de vida e estudo por conta própria, mas na verdade, na verdade, não domino profundamente e especificamente os conteúdos propostos pelos livros didáticos com os quais trabalho, porque não sou habilitada nas matérias de ensino já comentadas acima.
Fica, então, a pergunta: o que fazer? Até quando esse estado de coisas vai perdurar no ensino público municipal de Belo Horizonte?

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