quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Falta a figura masculina

O ensino fundamental caracteriza-se por ser ministrado basicamente por mulheres, e, em BH, não é diferente. Percebe-se maior presença masculina somente ao final do ensino básico (antigas 6ª, 7ª e 8ª séries ou o atual 3º Ciclo de Formação).
Para complicar ainda mais a situação sabe-se que as famílias pobres brasileiras estão sendo levadas adiante e a duras penas, pelas mães e/ou avós; os pais "dão no pé" ao primeiro problema surgido ou nem chegam a assumir o filho.
É comum em sala de aula, ao preencher qualquer questionário ou cadastro sócio-econômico, a criança não marcar nenhuma informação referente ao pai, pelo simples fato de que ele não existe em sua vida. Portanto, cresce e é educada, tanto em casa, quanto na escola, com um mínimo de referência paterna e/ou masculina.
Muitas mães, heroicamente, conseguem desempenhar os dois papéis ( de pai/mãe ) - autoridade, proteção; aconchego, carinho. Estas resguardam seus filhos, bem ou mal, desse déficit da figura masculina. Vale lembrar também que algumas crianças encontram em tios, avós, primos e até mesmo em vizinhos uma referência de pai .
Mas nem sempre isso se dá com todos, e comumente o reflexo dessa falta se materializa na escola na forma de rebeldia, agressividade, falta de limite, revolta, tristeza, depressão.
Não existe mais "O Dia dos Pais" em muitas escolas. Os alunos, geralmente os meninos, não aceitam esse assunto como pauta de estudo ou debate.
Quase todas as vezes que nos deparamos com crianças muito rebeldes, ou deprimidas e investigamos suas vidas,encontramos um comportamento similar com as próprias mães. Elas chegam a nos dizer literalmente: _Não dou conta do meu filho; ele não me obedece; não sei o que fazer... Bota ele de castigo, professora; deixa sem recreio, sem merenda; sem Educação Física... São algumas das soluções que nos dão.
Percebe-se freqüentemente que o aluno ou a aluna que não lidam bem com a mãe ou com os familiares, também não aceita as normas da escola ou da sala de aula. É evidente que o fato de não conviverem com o pai, não explica todos os problemas detectados na vida escolar de uma criança, mas creio que deve contribuir e muito para que eles existam.
Por tudo isso, penso que a predominância da figura feminina, principalmente nos primeiros anos de estudos da criança, não enriquece, nesse aspecto, a sua educação, pois repete-se aí o mesmo discurso, a mesma visão e a mesma forma de se relacionar com o mundo experimentada em casa, a partir da educação dada pela mãe.
Então, o resultado disso tudo é que se não há respeito pela mãe, também não haverá respeito pela professora. Pois ambas potencializam na criança, penso eu, um comportamento mais introspectivo, menos arrebatado, mais castrador, menos arrojado. Então esta se recente disso e não se coloca na vida sob o modelo masculino de ser, visto que o mesmo lhe faltou como alimento emocional e no momento crucial do seu crescimento pessoal, humano, psicológico e social.
Vale pensar a respeito. O que você me diz?

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