terça-feira, 28 de junho de 2011

Ser só

O professor é um profissional que não deveria trabalhar tão sozinho quanto o faz ; principalmente aquele que atua no ensino público.
Faço tal afirmativa porque lido constantemente com alunos doentes, em sala de aula. E aluno doente, como qualquer ser humano , não rende tudo aquilo que poderia render.

As escolas municipais de décadas anteriores possuíam uma estrutura física e profissional que previam essa necessidade de apoio multiprofissional ao aluno . Contavam, então, com gabinete dentário, consultório pediátrico e programas específicos de escovação dos dentes, bochechos com flúor, assepcia das cabeças dos alunos com piolhos e até tratamentos em massa contra a verminose.

Isso acontecia periodicamente ao longo do ano letivo. Os alunos, os professores e as famílias contavam ainda com a assistência de psicólogos, orientadores educacionais, supervisores pedagógicos e assistentes sociais.  Todos pertenciam ao quadro da Secretaria Municipal de Educação.

À época, essa política de apoio ao pedagógico das escolas foi taxada pelo Sindicato dos professores e outros ideólogos de plantão de "assistencialista", "paternalista" e tanto fizeram e falaram que conseguiram acabar com ela.

Hoje, estamos sós.

Trabalhamos diariamente com alunos doentes: dor de dente, dor de cabeça, desânimo, apatia, hiperatividade, uso de droga e abandono social são alguns dos problemas com os quais nos deparamos.

Sabemos que tais problemas interferem diretamente no rendimento escolar do aluno e não podemos fazer nada. Assistimos desoladas a tudo isso sem ter a quem recorrer. É... Os tempos são outros...

Nenhum comentário: