quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Memória de infância

Sou do tempo em que o governo já mandava livro didático para as escolas públicas. Estudei até a antiga 4ª série primária em um grupo escolar (era assim que se chamava) público e lá aprendi as primeiras letras. Lí a Cartilha de "Lili, Lalau e o Lobo" na primeira série. Lembro-me das histórias lidas em voz alta por minha professora da 2ª série e, dentre elas, uma que nunca mais esqueci foi a história do "Patinho Feio". Ficava muito brava com meus colegas que preferiam conversar a ouvir as histórias lidas ou contadas pelas professoras.
Quando cursava a quarta série primária entrei em contato com um poema que me invadiu a alma desde a primeira vez que o li. Fiz dele, quase que inconscientemente, um lema de vida. Pelas séries de estudo seguintes, num livro ou outro de Português, aparecia o poema entre tantos e novamente eu me encantava com ele como  da primeira vez . O título era sempre o mesmo (como não poderia deixar de ser) "Ode" de Ricardo Reis e... a seguir... os seguintes versos:
"PARA SER GRANDE, sê inteiro: nada
           Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
           No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
           Brilha, porque alta vive".
Apesar do arrebatamento que o poema sempre me causou , nunca procurei saber a respeito do seu autor: Ricardo Reis. Só muito mais tarde, já cursando Letras, entrei em contato com a obra do grande "Fernando Pessoa" e tomei conhecimento dos seus heterônimos e de que Ricardo Reis era um deles.
Desde então fiquei mais orgulhosa ainda da minha sensibilidade de menina...

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