segunda-feira, 8 de junho de 2009

Pode?!

Estamos na metade do ano letivo. Em julho, dia 16, encerraremos as atividades escolares do 1º semestre e teremos um recesso escolar no restante do mês. No dia 03 de agosto iniciaremos o 2º semestre letivo , que terá o seu término no dia 16 de dezembro do ano em curso.
Até o momento, nós professores da RME/BH não recebemos nenhuma atenção especial por parte de quem quer que seja da cúpula da administração municipal: nem do Prefeito, nem da Secretária de Educação, nem dos administradores regionais, nem dos acompanhantes pedagógicos das escolas. Nova administração, novo Prefeito, novas(?!) políticas educacionais e nós professores continuamos transparentes, invisíveis, inodoros e incolores para os administradores municipais, estaduais e federais.
Ninguém nos ouve, ninguém se interessa sobre como, quando e em quais circunstâncias desempenhamos o nosso trabalho ...
As mudanças administrativas, organizativas e/ou pedagógicas desabam sobre nós e o único direito que temos é o de desenvolvê-las sem questionar, mesmo que absurdas, insustentáveis e
inócuas, isso só para dizer o mínimo.
Senão, vejamos. Trabalho durante 4h30min, no turno da manhã, com uma turma do 3º Ano do 2º CiclO (antiga 5ª série). Sou habilitada em Letras e em Pedagogia, mas sou responsável por lecionar além de Língua Portuguesa (concernente à minha formação profissional) também os conteúdos de Matemática, Geografia, História e Ciência. Os alunos, além dessas, assistem com outras professoras as aulas de: Educação Física, Artes (Informática) e Literatura Infantil.
Até o ano passado a escola dispunha no seu quadro de professores, de dois profissionais para as eventuais (cotidianas) substituições daqueles faltosos. Isso garantia ao professor referencial e frequente (o meu caso) o chamado "Horário de Projeto". Ou seja, todos os dias, enquanto minha turma assistia aula com outra professora (Artes, Ed. Física, Literatura e Informática, uma hora por dia) eu poderia organizar, planejar e avaliar o trabalho a ser realizado com a turma.
Hoje, nova administração, isso não é mais possível. Transformaram-nos em professores eventuais (diários) também. Trabalho com os alunos as matérias da minha responsabilidade já citadas e quando (todos os dias) falta algum professor do turno, devo substituí-lo. Explicando melhor, se é o dia da turma ter aula de Educação Física e o professor dessa disciplina falta ou está substituindo a um outro que tenha faltado, minha turma não terá a aula de Educação Física, a menos que eu (professora não habilitada em Educação Física) me disponha a ministrar essa aula para eles. Claro está que quando a aula acontece nestas circunstâncias, ela se dá na base do improviso, sem planejamento, sem organização, sem nenhum outro objetivo a não ser "tapar buraco"! Pode?!
Outro absurdo, "café requentado de administrações anteriores à mal fadada "Escola Plural", é o retorno da aula de "Reforço Escolar". Não que isso seja desnecessário. Claro que é preciso o reforço escolar . Os alunos do final do 2º Ciclo apresentam enormes defasagens em Leitura/Escrita/Matemática, para ficar só nestas disciplinas e, portanto, precisam saná-las de alguma forma. Mas, _ pergunto eu_ concomitante ao horário normal do turno?! Claro que não! _ eu mesma respondo _ Esse trabalho só é concebível se realizado no contra-turno de estudo do aluno.
Todos entendem assim: professores, pais e alunos. Menos a direção da escola, a administração pedagógica municipal, a Secretaria Municipal de Educação, o Prefeito da Capital...
Pode?! Até quando?!...
Em tempo! A revista "Veja" de 10 de junho ,de 2009, apresenta em suas "Páginas Amarelas", uma excelente entrevista com o "Prêmio Nobel de Economia em 2.000", James Heckman. "O bom de educar desde cedo", tema da entrevista. Senti-me contemplada nos meus anseios e angústias quanto aos rumos da educação escolar no Brasil. Recomendo a leitura.
Vale a pena, também, a leitura, na mesma revista, do artigo do economista Cláudio de Moura Castro, quando discorre lindamente e com toda razão sobre "Educar é Contar Histórias".
Fico sempre encantada quando leio ou ouço alguém "de peso"(no caso os dois economistas citados) verbalizando exatamente o que sinto ou penso sobre "Educação Escolar". É um alivio, do tipo: ah, não estou só!

Nenhum comentário: