sábado, 23 de maio de 2009

Aula de Didática da Literatura

Fui, com meu marido, assistir a uma palestra e ao lançamento do livro "O Menino que Vendia Palavras", do escritor Inácio de Loyola Brandão. Saí de lá bastante reconfortada e muito feliz com minha profissão.
Tomei conhecimento do evento pelo rádio "Rádio CBN", da qual sou ouvinte assídua. Estava no carro, ia para casa após o trabalho, ouvia rádio, era uma entrevista já iniciada, quando entrei no carro. Uma voz firme, segura e suave chamou-me a atenção; depois fixei-me na temática da entrevista. Percebi que o entrevistado falava sobre leitura, escola, professora, literatura e de um jeito que demonstrava domínio sobre o que discorria. Comentei com meu marido: "esse aí sabe do que está falando".
O entrevistado lembrava, provocado pela entrevistadora, dos ótimos conselhos que recebera de suas duas professoras primárias "Rute" e "Lourdes". Tais conselhos, segundo o entrevistado, serviram-lhe e servem até hoje, como "dicas" ou "técnicas" do bem redigir: "o final do texto deve surpreender o leitor"; "escreva pouco, pois terá a chance de errar menos"; "anote fatos e acontecimentos interessantes presenciados em um determinado percurso para reescrevê-los em sala de aula _ pedia-lhe uma das professoras. "Invente histórias sobre cenas ou gravuras observadas, mas não descreva simplesmente o que vê, crie algo a respeito.
No instante final da entrevista o entrevistado relatou um trabalho com literatura presenciado por ele em Teresina. Escola pública, crianças carentes, filhas de traficantes, bairro violento, comunidade violenta... No entanto, nem os pais queriam aquela vida para seus filhos e nem os filhos queriam reproduzir a vida dos pais. E a escola, mediada pela literatura apresenta a essas crianças um mundo possível fora das drogas e da violência. Falou ainda, na tal entrevista, do modo pelo qual a sociedade brasileira vê e trata os professores hoje. Com total desprezo, descaso, desimportância e falta de valor; tão diferente de tempos atrás!
Ao final da entrevista, a repórter falou do evento (lançamento do livro e o nome do entrevistado) Aí não tive dúvida! Quis participar. Nos inscrevemos, meu marido e eu, e à noite, lá fomos nós...
Duas horas, mais ou menos, de puro prazer e encantamento. Ouvimos um pouco de tudo, com muita graça e humor. Verdadeira aula de como produzir literatura seja ela conto, crônica, romance ou poesia. Técnicas das quais o autor se utiliza para produzir sua obra. Tudo generosamente compartilhado com os participantes do evento.
Senti-me encorajada como professora de Língua Portuguesa, pois boa parte da fala do escritor a respeito do que aprendeu com os professores enquanto foi aluno, eu tenho o orgulho de dizer que desenvolvo com meus alunos durante as aulas: leio muito com eles e para eles; incentivo-os, o tempo todo, a ler e a escrever; discutimos as obras em sala, relacionamos o que é lido ao dia-a-dia de cada um, nos emocionamos e rimos e sofremos e gostamos ou não dos textos que lemos, mas sobretudo lemos.
Saí da palestra mais animada ainda com a mini-biblioteca que mantenho em sala de aula, com os registros feitos por meus alunos, dos livros que leem; com o trabalho de leitura/escrita que venho desenvolvendo com eles. Enfim, agora só quero dizer:
_ Obrigada, professor, escritor Inácio de Loyola Brandão.

Nenhum comentário: