quarta-feira, 4 de abril de 2012

Ser professora

Ser professora nos dias atuais é estar sempre em crise de identidade. Que profissional sou eu? Tenho todas as competências para lidar com o aluno que me diz na "lata" que só vai à escola porque a família o obriga?
O professor tem que ser competente, dominar o conteúdo que vai lecionar, saber "ganhar" o aluno para a aula que será ministrada, mas como fazer isso? O que fazer com o aluno de 11/12 anos que olha pra você e lhe diz na cara que não vai fazer a atividade proposta; que não trouxe, pela enésima vez, o material de estudo; que não fez o "Para Casa" porque se esqueceu de fazer...
Como dar continuidade ao ensino de Matemática para o aluno do 6º ano que sequer domina os fatos fundamentais das quatro operações básicas. Como trabalhar os números racionais, as medidas, os gráficos e as tabelas, a geometria, o cálculo do perímetro e da área se o aluno não reconhece quantidades além das centenas? Como trabalhar a organização textual, a escrita coerente e coesa, com um padrão semântico e ortográfico razoável se o aluno, ainda na fase da silabação, jura de pés juntos pra você que já sabe ler e escrever e que não precisa estudar mais?
Como desenvolver os conceitos geográficos, históricos e científicos com o aluno que lhe faz se sentir transparente em sala de aula, que não lhe dá a chance de introduzir os assuntos a serem estudados? Como fazer uma aula dialogada com o aluno que não dá a mínima para o tema em discussão, qualquer que seja ele? E a leitura? Pesquisa recente confirma que o brasileiro de qualquer nível social lê pouco, quando muito, dois livros por ano... O que fazer? Ler para o aluno, ele não ouve. Ler com o aluno, ele lhe deixa lendo sozinha. Ler coletivamente, metade lê e a outra metade voa, não participa. Incentivá-los a ler individualmente é pregar no deserto... O que fazer? Como sair dessa inércia?

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