segunda-feira, 4 de abril de 2011

O Professor e a Tortura Emocional

     O Professor é um ser que sofre de tortura emocional e física diariamente. Isto porque lida com todo o tipo de aluno; desde os emocionalmente tranquilos, equilibrados e resolvidos até àqueles que não conseguem perceber qual é a importância da educação escolar na vida deles.
     Os alunos bem resolvidos, e isso não significa, absolutamente, que sejam os economicamente favorecidos, são aqueles que contribuem, constantemente, em todas as situações, para que o ambiente escolar seja favorável ao rendimento pedagógico esperado e eficiente. A atitude desses alunos é sempre de foco, de concentração, de participação e, logicamente, obtêm, sempre, um rendimento excepcional em relação aos colegas que agem contrário ao exposto acima.
     O outro grupo, o dos alunos mal resolvidos, nem sempre em maior número na turma, é aquele que desestabiliza o ambiente da sala de aula. Os participantes desse grupo, desencadeiam, sem mais nem menos, várias ações, ora em conjunto, ora individualmente que derrubam o equilíbrio e a sensatez do professor.
     Do nada, em plena aula de Geografia, por exemplo, ouve-se um barulho semelhante ao de um "pum" estridente. É o suficiente para deslanchar na turma o riso, o comentário acusatório em voz alta, a conversa, a discussão, o despero do professor. Mesmo sabendo que o "pum" foi um "pum" fictício, de mentirinha, as consequências desse ato gaiato, na turma, são verdadeiras, reais, concretas.
     Até voltar a calma novamente, adeus aula de Geografia, adeus ambiente de aprendizagem, adeus planejamento de aula, executado.
     Esse é um dos atos mais inocentes do dia a dia de uma sala de aula. Há os pedacinhos de borracha que vêm de todas as direções nas cabeças dos alunos que se sentam à frente e quase sempre sobram também para o professor; assim como as bolinhas de papel, as bolsinhas de canetas ou os cadernos de colegas, apanhados sobre suas mesinhas, e, de propósito, colocados nas mochilas de outros colegas, só prá chatear, provocar reclamações de que tiveram seus pertences "roubados" e fazer com que a aula seja interrompida, para que se resolva mais este problema.
     Há ainda as idas ao banheiro ou ao bebedouro fora do horário do recreio. Mesmo que sejam estipuladas regras e/ou combinados para regular essas saídas, todos os dias os mesmos alunos interrompem a aula, não importa o que esteja sendo trabalhado: uma introdução de conteúdo, uma explicação para uma questão específica, a leitura de um texto que posteriormente será trabalhado em discussões orais e em exercícios de escrita, nada, nada é mais importante para determinados alunos do que sair da sala, embora autorizados, mas sem se importar se com isso irão perder um momento importante da aula.
Cinco, seis alunos em um grupo de vinte e oito, trinta, conseguem monopolizar total e integralmente a atenção do professor, em detrimento do bom andamento da aula e em detrimento dos alunos que estão acompanhando as atividades com gosto e motivação para o estudo.
Trabalhar nessas condições significa terminar mais um dia  sob forte estresse, sob forte sentimento de frustração, sob forte sensação de angústia, de sofrimento, de cansaço físico e emocional.
Não há argumento, não há estabelecimento de regras, não há conduta profissional, não há atitude disciplinar que demovam esses alunos da necessidade de desestabilizar diariamente a sala de aula, os colegas de sala e os professores que atuam com eles.
O que fazer?! Que medidas tomar? Expulsar da aula, mandar esses alunos para a Coordenação Pedagógica, conversar particularmente com eles, chamar os pais e colocá-los cientes dos comportamentos indesejáveis e inadequados dos filhos? Mudar a aula, tornar o estudo mais interessante? Dar responsabilidades a esses alunos? Convidá-los a participar diretamente da dinâmica da sala de aula? Que professor ainda não colocou em prática todas as ações destacadas acima? Penso que todos já lançaram mão de várias delas e sem sucesso.
Eu também.

Um comentário:

Ângela Matos disse...

Texto interessante! Reflete a realidades de todos nós professores, não importa se de escolas públicas ou se particulares.
Parabéns.