terça-feira, 21 de julho de 2009

Prazer e Frustração

É muito bom perceber o desenvolvimento social, emocional e intelectual dos alunos; talvez sejam esses os motivos que nos mantêm lecionando em situações adversas, por vezes penosas e extenuantes da sala-de-aula.
Conforme relato no post anterior, o último dia de aula do semestre letivo com meus alunos foi reservado para as comemorações dos aniversários de todos da turma, nascidos entre janeiro e julho, de seus respectivos anos.
Na semana que antecedeu o dia 15 de julho, organizamos a festa e distribuímos tarefas para cada um da turma. Todos (inclusive eu) se responsabilisaram por algo relativo a festa: enfeites, refrigerantes, copos, garfos, pratos e guardanapos, toalhas de mesa e velinhas, convites às outras professoras da turma e à direção/coordenação pedagógica da escola, som e CDs, bolos e salgadinhos; cartões com mensagens aos aniversariantes.
Tudo foi feito a tempo e a hora, sem nenhum furo, sem brigas, sem censura a esse ou aquele, sem correria, sem bagunça e com muita, muita alegria... São pré-adolescentes e adolescentes, é bom lembrar, portanto uma festa que durante mais de duas horas transcorre nessa paz toda é digna de admiração! Fiquei orgulhosa deles e de mim mesma.
Porém, tudo que é bom dura pouco e a vida tem lá seus percalços ou momentos ruins que precisam ser vivenciados tanto quanto os bons. Chegou o momento das despedidas e eu não quis que eles descobrissem, somente no dia 03 de agosto, que não voltaria para trabalhar com eles o restante do período letivo; como já disse em outro momento, vou entrar de "Férias-prêmio" de agosto a dezembro do ano em curso.
Preferi eu mesma dar essa notícia aos meus alunos para evitar mal-entendidos do tipo: "tá vendo, vocês fazem tanta bagunça que a professora não aguentou e nem voltou para dar aula pra vocês; tirou licença de tão cansada que tava, coitada! E outras "coisitas mas" muito comuns nas escolas, quando alguma explicação para determinado fato precisa ser dada, mas usa-se do expediente de culpar o aluno pela indisciplina reinante e vitimisar a professora de "plantão".
Fiz uma carta aberta a turma dizendo-lhes que não voltaria no segundo semestre, que entraria de "Férias-prêmio" e que esse é um benefício legal, concedido aos professores com mais de dez anos de efetivo exercício em sala-de-aula. Pedi-lhes que colaborassem com a professora que ficará no meu lugar, que continuassem responsáveis e estudiosos; que sentirei saudade deles e que contassem comigo, que mantivessem contato... (Deixei meu endereço eletrônico no quadro-giz).
A surpresa foi geral. No semblante de cada um pude perceber: surpresa, surpresa e tristeza, surpresa, tristeza e frustração e até indiferença. Também fiquei triste e estou frustrada por não continuar o trabalho que comecei. Mas, não tive saída.
Como pretendo encerrar a minha carreira de professora, não quero deixar para trás um benefício a que tenho direito. Caso eu não retorne ao trabalho em 2010, já terei gozado desse benefício e estarei livre para pedir exoneração ou tentar uma outra saída que espero surja nesse tempo de afastamento da sala-de-aula.
Vou estudar, nesse período, a possibilidade de fazer convergir meus conhecimentos em educação, adquiridos ao longo do meu fazer pedagógico, em algo que possa ser útil a mim e aos estudante/familiares, que necessitem de um suporte pedagógico fora do ambiente, escola formal.

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