sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Fiquei sem chão

De novo, mais uma vez e tudo se repete. Listagem do IDEB na mídia e todos ficam apavorados. Como vamos resolver o problema do fracasso dos alunos  das escolas públicas? Procurem os culpados. Quem são?! Perguntam todos. São os professores. Eles não sabem ensinar. Então vamos treiná-los para que aprendam a dar aulas. Aulas mais dinâmicas, mais divertidas, mais desafiadoras para os alunos...
E tome de gastar o dinheiro do FUNDEBE  no pagamento a algum professor do Mestrado, melhor se for do Doutorado para o treinamento, em serviço, dos ignorantes professores.
Dispensar os alunos para que os professores participem das aulas no seu próprio ambiente de trabalho, não pode. Afinal como ficaria o Calendário Letivo, não é mesmo? Além do mais. Com quem ficariam os alunos, já que seus pais saem de casa para o trabalho e só retornam a casa altas horas?
Pensa daqui, pensa dali e... Bingo! Oficinas Pedagógicas.
É as oficinas pedagógicas estão na moda; quem é do meio sabe do que estou falando.
Pois bem. Depois do recreio deixo minha turma com um oficineiro; meus alunos perguntam o que eu vou ficar fazendo enquanto eles participam da oficina e eu lhes respondo que vou aprender a dar aulas de Matemática para eles.
Entro na sala juntamente com minhas colegas de trabalho. A professora convidada está a postos, nos esperando e enquanto isso tenta conectar sua aparelhagem de projeção multimídia. Moderna, ela! Tem mais ou menos a média da idade de todas nós; entre 40 e 50 anos. É simpática; se apresenta, preocupa-se em nos dizer de que lugar ela está falando para nos convencer de que não é uma "estrangeira" entre nós.
Faz um pequeno histórico do ensino da Matemática no mundo; relembra o movimento mundial da Matemática Moderna; desqualifica sutilmente esse período do ensino da disciplina e de alguma forma sugere que o fracasso mundial dos alunos em Matemática em parte se deve àquele movimento, que tinha por finalidade última formar cientistas... Discordo dela, falo da minha experiência e formação nessa época; argumento que a teoria de conjuntos era introdutória e ajudava na concretização e posterior compreensão dos números, ( leitura, escrita, representação, cardinalidade, ordenação, seriação...), mas fui me calando, pois percebi que defendíamos ideias e que ambas tínhamos convicções das quais não abriríamos mão. Calei-me. Porém uma sensação de " já vi esse filme" me invadiu a alma.
De novo! Não! Como na Teoria Construtivista, como na defesa político/filosófica da Escola Plural, dentre tantas outras mudanças, os professores são o elo frágil e sempre perdem. Nós não somos autônomos porque fazemos parte de um Sistema e quando o Sistema quer "manda quem pode e obedece quem tem juízo".
Pena que ainda não existe cadeia para os teóricos de plantão, os pensadores fracassados em seus projetos de alavancar o ensino das escolas públicas brasileiras; caso contrário e não estaríamos nessa peleja até hoje. Penso que no dia em que a academia e afins forem responsabilizados por seus atos... O  ensino/aprendizagem dos alunos tomará outro rumo; o rumo do sucesso.