quarta-feira, 6 de junho de 2012

Quase

Quase saí da RME. Transtornada com a (in)disciplina dos meus atuais alunos, entrei em "parafuso". Passei a rejeitar meu trabalho ( até então motivo constante de prazer e de realização pessoal) a tal ponto que não conseguia mais sair de casa e chegar à escola com a mesma disposição que sempre tive.
Um aluno em especial levou-me à loucura. Perdi completamente o controle sobre ele; não sabia mais o que fazer, como agir, e como impedir que ele desestabilizasse de vez a mim e aos colegas de turma.
A solução apresentada pela coordenação pedagógica não me satisfazia; queriam, simplesmente, trocá-lo de turma e isso, para mim, seria assinar um atestado de incompetência da minha parte. Por outro lado, recursos como acionar a família e conversar com o aluno não surtiram nenhum efeito. Ele, cada vez mais, sentia-se fortalecido e ganhava adeptos na classe. Outros alunos passaram a imitar o comportamento irresponsável e irreverente dele.
Tive crises de herpes labial, de desânimo total, de falta de vontade de sair de casa para trabalhar...
No meio desse turbilhão de sentimentos ruins e negativos, dei entrada na gerência de recursos humanos da SMED, ao processo de "Licença sem Vencimentos" por um período de dois anos, renováveis por mais dois anos. Ficaria em casa, sem receber e tendo que pagar, eu mesma, a Previdência Social, para efeito de aposentadoria posterior. Nesse meio tempo, montaria uma franquia "kUMON", ou, uma "Sala de Estudos" de orientação ao "PARA CASA", à pesquisa escolar e/ou às defasagens de alunos do 1º ao 6º ano do ensino fundamental.
Tudo isso passou por minha cabeça enquanto vivia o problema da indisciplina do aluno.
O deferimento ou o indeferimento ao meu pedido de licença só se concretizaria num período de dois a três meses (julho/agosto) portanto. O que fazer?! "Chutar o pau da barraca"? Jogar fora dezessete anos de trabalho, um lugar de professora alcançado por mérito próprio, segundo lugar em um universo de mais de trinta mil candidatos? Trabalhar por conta própria, investir uma quantia razoável em um negócio arriscado que poderia ou não dar certo?!
Em meio a toda essa angústia, o aluno transferiu-se  da escola. O pai veio a BH para resolver outros problemas familiares e ao tomar conhecimento das atitudes do filho resolveu levá-lo consigo para São Paulo.
Aleluia! Cancelei meu pedido de licença...