sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Quinquagésimo Segundo Dia

Hoje faz cinquenta e dois dias que estou em casa, de licença médica, devido a uma cirurgia  de reconstituição do tendão do ombro direito, realizada no hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte.
Tenho pensado que somadas todas as dores que já senti ao longo dos meus 56 anos, não há equivalência às dores que venho sentindo, ininterruptamente, desde o dia da cirurgia e logo após o efeito da anestesia de bloqueio feita no braço/ombro operados. É uma dor de aperto de parafuso em carne viva, ou de torniquete permanente, no órgão doente.
Voltei ao médico responsável pela cirurgia para uma avaliação do procedimento e, todas as vezes, ouvi dele  que "era assim mesmo, o pós-cirúrgico era doloroso e que tudo estava ocorrendo dentro do previsto".
Iniciei o procedimento de fisioterapia no 33º dia após o ato cirúrgico e tome mais dor; fiz, chorando, os primeiros movimentos, sob a orientação da fioterapeuta.
Como se não bastasse, não aguento mais ficar em casa, inativa; quero trabalhar, quero meus alunos, quero o fervedouro da sala de aula, quero não "ver" o tempo passar...
Vivo uma rotina provavelmente desejada por muitos: acordar sem hora para levantar, tomar com calma o café da manhã, ver os jornais da televisão, ler os jornais diários no papel ou on line; almoçar, descansar após o almoço, fazer fisioterapia à tarde, ver as novelas da noite, ver o noticiário da televisão, jantar, dormir, (se a dor no braço permitisse) acordar...
Isso tudo é muito bom quando à essa rotina associam-se  boa saúde e trabalho prazeroso; caso contrário, ver mais um dia chegar e passar torna-se um tormento. É esse tormento que tenho vivido e, por isso, estou fazendo de tudo, estou seguindo à risca as orientações médicas e da fisioterapeuta, para me recuperar integralmente, pois sinto que ainda tenho muita energia para gastar no meu trabalho e nas minhas atividades sociais.
Me aguardem.